atualidade desastres naturais.

Desculpe o transtorno, mas precisamos falar sobre o luto seletivo.

14:03Jô Lima


No dia 4 de outubro, há exatos seis (6) dias, o Haiti foi atingido pelo furacão Matthew. Os fortes ventos chegaram a uma velocidade de 230km/h, o que provocou uma grande devastação no pais, o número de mortos chegou a quase 900.
Você deve estar se perguntando por que eu estou falando sobre isso, mas a pergunta correta é: Por que ninguém está falando sobre isso? 

Desde o ocorrido, a  mídia parece se importar mais com o fato do furacão estar se aproximando da Flórida, Carolina do Sul e outros lugares dos Estados Unidos do que com os 877 mortos e suas respectivas famílias desabrigadas no Haiti. É como se a dor dos haitianos não fizesse diferença para o mundo, ao contrário do que ocorre em outros paises, como o atentado na França, Pray of Paris! Mídia focada, condolências de todos. O mesmo ocorreu com o furacão Katrina e a tempestade Sandy nos EUA. 

Porque só alguns acontecimentos nos chocam? Porque só alguns desastres nos preocupam? Desculpe o transtorno, mas precisamos falar sobre o luto seletivoPrecisamos sim falar sobre a segregação da dor, de chorar por uns e ignorar outros. Precisamos falar sobre esse reflexo do poderio que a mídia ainda possui sobre nós, se não é televisionado, não nos importa. "Ah, mas sem notoriedade eu não fico sabendo, ora!" Essa foi a justificativa que ouvi ao discutir o caso com um colega. A réplica é simples: Internet. Dizemos ser tão bem informados, ter o celular mais High Tech e não conseguimos acompanhar meras noticias de sites/blogs? Não conseguimos ouvir o rádio no caminho para o trabalho? Não conseguimos procurar no Google sobre assuntos nacionais e internacionais? Realmente, ficar sentado esperando aquela tela te dizer o que você precisa saber é bem notório para sua existência em estado vegetativo.

Acreditamos que a realidade desse pais considerado o mais pobre das Américas é distante da nossa, mas hoje quando fui encontrar uma amiga no centro de São Paulo, a linha tênue do desastre no Haiti e eu se mostrou nitidamente. Fomos - eu e minha amiga - em uma dessas  barracas de rua que foram montadas no centro, fizemos nosso pedido e nos sentamos, ao lado da nossa mesa, dois Haitianos conversavam em seu idioma de origem. Até aqui, tudo normal. A atendente da barraca se dirigiu até a mesa dos rapazes com seus pedidos, enquanto conversava com minha amiga, pude ouvir um "tudo deve estar bem, notícia ruim chega rápido" por parte da atendente, olhei pra trás e o homem mais velho parecia chorar. Pegaram seus lanches e foram embora.
Curiosa, eu questionei a atendente sobre os rapazes e ela contou: Ele é do Haiti, moça. Nãos sabe como estão os familiares, parece que a casa da família foi inundada e não tem mais informações sobre o desastre. Coisa triste né? Eu nem sabia, não vi nada sobre isso na TV.

Coisa triste! A história desse pais é triste e cheia de luta. A solidariedade seletiva por raça é triste.  Mas o que mais me doi é saber que a indiferença tem cor e que hoje mais de um milhão de pessoas precisam de ajuda naquela que foi a primeira nação independente da América Latina. 
Como disse Haroldo Ceravolo Sereza em seu post no OperaMundi, Nem terremoto, nem furacão, o Haiti é punido por sua revolução negra. << Vale a leitura!

#HopeForHaiti

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